Preparação da receita
(ou como se preparar para a conquista)
Colocar numa panela 1 litro de água e o caldo de legumes (1 cubo) e deixar ferver.
Colocar todas as nossas virtudes e desejos, medos e ansiedades, sonhos e aspirações num “caldo” e reservá-los, deixando-os em lume brando.
Laminar os cogumelos frescos (150 a 200 g) e alourar com 50 g (uma colher de sopa) de manteiga.
Preparar-nos para enfrentar “a mulher” como se fosse numa batalha. Não esquecer que o tempo de “os homens querem-se porcos, feios e maus” já era. Por isso, é importante uma boa aparência (bom corte de cabelo e um perfume marcante) e modos de cavalheiro (abrir a porta e deixá-la passar primeiro é o básico).
Fazer um refogado com 50 g de manteiga, uma cebola e dois dentes de alho.
Convidar para fazer algo: um copo de final da tarde, um jantar, um café numa esplanada agradável. E deixar no ar a ideia de que é importante para si (o acontecimento, não ela, senão pensa que nos tem completamente nas mãos).
Juntar primeiro o arroz (200 g) e alourar (2 minutos), depois um copo de vinho branco e deixar evaporar.
No dia e local marcado, tornar-se marcante (modos gentis mas másculos, conversa agradável mas não fútil) e deixá-la espantada com o espécime que tem à sua frente. Depois do copo de vinho, iniciar uma boa conversa.
Quando o vinho evaporar, cobrir de novo o arroz com caldo de legumes (que está a ferver noutra panela).
Conversar e sobretudo deixá-la falar de modo a que se sinta interessante. Mas quando ela domina a conversa, deitar um pouco do seu “caldo”. Comece pelas coisas que os outros consideram boas em si.
Sempre que o caldo estiver quase todo evaporado, juntar uma nova quantidade para cobrir, mexendo sempre, e repetir até acabar o caldo.
Doseie a conversa para que nenhum dos dois fique completamente exposto e embaraçado. Sempre que um tenha o domínio do assunto por muito tempo, tente juntar um pouco mais de “caldo”. Cuidado para não revelar nada embaraçoso…
Quando estiver cozido, mas ainda com caldo, juntar os cogumelos, adicionar 1 colher de sopa de parmesão ralado e temperar ao gosto com sal e pimenta.
No final do acontecimento, quando a conversa estiver a declinar, junte a sua “marca” e tempere com o “foi tão agradável que é importante repetir”.
Servir de imediato.
8 comentários:
Muito obrigado D. Pólo.
Espero recebê-la em breve no meu divã.
Não resulta. (mas que sei eu destas coisas)
Assim só pela receita soa delicioso!
(mas a verdade é que por vezes depois não sabe a nada...)
Maria Fonseca e c.
Acho que não frequentam os "restaurantes" certos.
Caro Complexo,
Vamos lá ver se me faço entender. Risoto à parte, que eu sou rapariga do povo e prefiro um arroz malandrinho de grelos, o problema da sua receita é que é demasiado simplista. Ora, apelidando-se você de Complexo, a referida cria um sentimento de insatisfação em quem lê, uma vez que se vem à espera de um nível elaboração bastante superior. Mas pronto. Admito. Há potencial. Vamos ver se o canaliza da melhor forma.
(obrigada pelo elogio às fotos)
Cara Maria Fonseca,
As mulheres são tão complexas (ainda mais do que eu) que gostam de coisas simples e que as surpreendam.
É esse o segredo.
Então nesse caso, eu demiti-me desse papel. O simples aborrece-me.
Pois parece-me bem. Um risoto de cogumelos e uma excelente companhia será sempr uma agradável surpresa!
p.s. este blog já parece um livro que li há uns anos atrás da Laura Esquivel : "Como água para chocolate". A escritora colocava receitas durante o desenrolar da história.
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